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Bloomsday



O dia 16 de junho é um dia de duplas lembranças para mim. Dia de Alfredo, a grande festa dos leitores de Dalcídio. Bloomsday, a grande festa dos leitores de James Joyce.

Se Dalcídio eu “descobri”, lendo os livros de Jorge Amado. Joyce, eu descobri pela influência de um amigo meu que,já não vive mais fisicamente entre nós.

Conhecemo-nos, por acaso, em grupo de leitores de Pablo Neruda. E, enquanto ele viveu, dividimos nossas leituras de livros e poemas. Uma das conexões mais reais e genuínas que tive na vida.

Engana-se, no entanto, que concordávamos com todas as coisas. Entre nós, no entanto, havia uma dezena de unanimidades, uma delas era James Joyce.

Para nós, Joyce era um gênio. Uma leitura difícil, mas necessária. Um daqueles desafios que os leitores deviam enfrentar uma vez na vida.

Enfrentar, mesmo sabendo, que a lista dos leitores que abandonaram Ulisses é gigantesca. Enfrentar, mesmo que você tenha que entrar para a lista dos que abandonaram os livros dele na estante.

Hoje, ao viver mais um Bloomsday, já não dói mais tanto a lembrança do meu amigo que a morte levou. Ele vive nos livros que amamos juntos. Sua memória é eterna, como eterna é a memória dos romancistas.

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