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Mostrando postagens de julho, 2011

Tanto Amar

Tanto Amar  (Chico Buarque) Amo tanto e de tanto amar Acho que ela é bonita Tem um olho sempre a boiar E outro que agita Tem um olho que não está Meus olhares evita E outro olho a me arregalar Sua pepita A metade do seu olhar Está chamando pra luta, aflita E metade quer madrugar Na bodeguita Se os seus olhos eu for cantar Um seu olho me atura E outro olho vai desmanchar Toda a pintura Ela pode rodopiar E mudar de figura A paloma do seu mirar Virar miúra É na soma do seu olhar Que eu vou me conhecer inteiro Se nasci pra enfrentar o mar Ou faroleiro Amo tanto e de tanto amar Acho que ela acredita Tem um olho a pestanejar E outro me fita Suas pernas vão me enroscar Num balé esquisito Seus dois olhos vão se encontrar No infinito Amo tanto e de tanto amar Em Manágua temos um chico Já pensamos em nos casar Em Porto Rico

Morre protagonista do documentário “Estamira”

Filme de Marcos Prado, premiado mundialmente, seguia rotina de mulher em aterro sanitário Morreu nesta quinta-feira (28), no Rio de Janeiro, a protagonista do premiado documentário “Estamira” (2005), Estamira Gomes de Souza, que tinha 72 anos. O enterro acontece nesta sexta no Cemitério do Caju. Estamira estava internada no Hospital Miguel Couto, na Gávea, desde a terça-feira (26). Ela sofria de diabetes e morreu em decorrência de uma infecção generalizada. Lançado em 2005, “Estamira” foi dirigido por Marcos Prado, sócio de José Padilha na Zazen Produções e produtor de “Tropa de Elite 1 e 2″. O documentário segue a personagem-título, uma mulher que possui problemas mentais e sobrevivia com o que encontrava no aterro sanitário de Jardim Gramacho, no Rio. Através de sua conta no Facebook, Prado afirma que Estamira morreu por falta de atendimento. “Estamira ficou invisível pela falência e deficiência de nossas instituições públicas”, escreveu. “Morreu depois de ficar dois dias esperando

Na semana que inicia...

Quero uma tarde amarelada,  uma xícara de chá quentinha,  biscoitinhos... livro... companhia! 

Morte e Vida Severina - Fragmento

ASSISTE AO ENTERRO DE UM TRABALHADOR DE EITO E OUVE O QUE DO MORTO OS AMIGOS QUE O LEVARAM AO CEMITÉRIO —  Essa cova em que estás, com palmos medida, é a cota menor que tiraste em vida. —  é de bom tamanho, nem largo nem fundo, é a parte que te cabe neste latifúndio. —  Não é cova grande. é cova medida, é a terra que querias ver dividida. —  é uma cova grande para teu pouco defunto, mas estarás mais ancho que estavas no mundo. —  é uma cova grande para teu defunto parco, porém mais que no mundo te sentirás largo. —  é uma cova grande para tua carne pouca, mas a terra dada não se abre a boca.                                 —  Viverás, e para sempre  na terra que aqui aforas: e terás enfim tua roça. —  Aí ficarás para sempre, livre do sol e da chuva, criando tuas saúvas. —  Agora trabalharás só para ti, não a meias, como antes em terra alheia. —  Trabalharás uma terra da qual, além de senhor, serás homem de eito e trator. —  Trabalh

Morte e Vida Severina ganha animação em 3D

Das paisagens áridas e secas do interior de Pernambuco sai o retirante Severino. Para escapar da morte lá “morrida antes dos trinta” e em busca de melhores condições de vida, o retirante segue rumo ao litoral.  Por Fabíola Perez Em sua romaria, Severino usa o rio Capibaribe como guia e, por todos os lugares em que passa, dá de cara com a morte e com a vida “severina” – aquela que para ele é “a vida mais vivida do que defendida”.    Produzida pela TV Escola, a versão animada do livro de João Cabral de Melo Neto,  Morte e Vida Severina – Um Auto de Natal Pernambucano,  se baseia também nos quadrinhos do cartunista Miguel Falcão. Preservando o texto original, a animação 3D dá vida e movimento aos personagens da história, publicada originalmente em 1956.  Ao chegar à primeira cidade do Agreste, Toritama, o retirante-lavrador pergunta ansioso por trabalho. A mulher da janela prontamente responde que trabalho é o que não falta para quem sabe trabalhar. O g

Repara que há veludo nos ursos...

Um dos meus poemas favoritos... A Luís Maurício, Infante Acorda, Luis Mauricio. Vou te mostrar o mundo, se é que não preferes vê-lo de teu reino profundo. Despertando, Luis Mauricio, não chores mais que um tiquinho. Se as crianças da América choram em coro, que seria, digamos, do teu vizinho? Que seria de ti, Luis Mauricio, pranteando mais que o necessário? Os olhos se inflamam depressa, e do mundo o espetáculo é vário e pede ser visto e amado. É tão pouco, cinco sentidos. Pois que sejam lépidos, Luis Mauricio, que sejam novos e comovidos. E como há tempo para viver, Luis Mauricio, podes gastá-lo à janela que dá para a “Justicia del Trabajo”, onde a imaginosa linha da hera tenazmente compõe seu desenho, recobrindo o que é feio, formal e triste. Sucede que chegou a primavera, menino, e o muro já não existe. Admito que amo nos vegetais a carga de silêncio, Luis Mauricio. Mas há que tentar o diálogo quando a solidão é vício. E agora, começa a cre

Álvaro...

Lembro hoje com saudade do março passado no qual conheci você... do primeiro recado... do primeiro poema... Sempre tive a impressão que eu te conhecia da vida inteira. Algo encantado. Talvez fossem os muitos gostos e preferências que tínhamos em comum... Hoje li todos os poemas que você me enviou, tenho todos eles guardados. Lembrei-me de todas as risadas, das frases, dos versos. Recordei de Luis Mauricio, Infante e da noite em que debulhamos os versos desse nosso poema favorito... Lembrei que como eu, você gostava de Proust, Van Gogh, James Joyce e do biscoito Bono... As boas lembranças, realmente, são esconderijos confortáveis e sei exatamente onde poderei te encontrar quando a saudade apertar... E olha saudade machuca... Tua alma, entretanto, habita tantas coisas que não irei precisar procurar muito... Até os sinos suscitam tua lembrança... Jamais pensei que você um dia seria uma das minhas “notas tristes”... Afinal, você sempre foi tão alegria alegria , tantas

Música Para os Olhos

Ascensões e quedas do gênero musical no cinema Muita gente não gosta de filmes musicais e acaba tachando-os de chatos, fantasiosos ou clichês, mas dificilmente haverá um cinéfilo que não coloque ao menos um no seu “Top 20”. Isso porque, indiscutivelmente, esse gênero é um dos mais carismáticos e importantes da curta história da sétima arte. Sem dúvida, música e cinema são vistas como indissociáveis. Você conhece algum filme falado que não tenha uma trilha sonora? Difícil, não? De fato, até mesmo na época do cinema mudo, as trilhas já embalavam os filmes. Era comum, em grandes cinemas, um violinista, um pianista ou até mesmo uma pequena orquestra ficar tocando durante as exibições, para dar o tom desejado aos filmes. Isso em salas de exibição pouco audaciosas, pois há relatos até de algumas que colocavam pessoas atrás das grandes telas para dublar, ao vivo, as imaginadas falas dos atores. No início do século passado, alguns teóricos viam o cinema mudo como uma arte extremamente promis

Assentamento - Chico Buarque

Assentamento Quando eu morrer, que me enterrem na beira do chapadão -- contente com minha terra cansado de tanta guerra crescido de coração Tôo (apud Guimarães Rosa) Zanza daqui Zanza pra acolá Fim de feira, periferia afora A cidade não mora mais em mim Francisco, Serafim Vamos embora Ver o capim Ver o baobá Vamos ver a campina quando flora A piracema, rios contravim Binho, Bel, Bia, Quim Vamos embora Quando eu morrer Cansado de guerra Morro de bem Com a minha terra: Cana, caqui Inhame, abóbora Onde só vento se semeava outrora Amplidão, nação, sertão sem fim Ó Manuel, Miguilim Vamos Chico Buarque

Um fato: duas abordagens

Jornalismo com dignidade: Jornalismo lixo: Fonte: Com Texto Livre

50 anos sem Hemingway: “Paris é uma festa”

Segue trecho do livro no qual o escritor Ernest Hemingway estava trabalhando semanas antes do suicídio. Revivia dias alegres da sua juventude na França. Publicado postumamente em 1964, o livro inspirou muitas gerações de jovens a se tornarem jornalistas. “Eu era muito tímido quando entrei na livraria pela primeira vez, não tendo dinheiro sequer para me inscrever na biblioteca de aluguel. Sylvia me disse que eu podia pagar o depósito quando tivesse dinheiro, preparou o meu cartão e encorajou-me a levar quantos livros quisesse. Não havia motivo para que ela confiasse em mim dessa maneira. Não me conhecia, e o endereço que lhe dei, rue Cardinal Lemoine, nº 74, não podia ser mais pobre. Mas ela foi cordial, encantadora e amabilíssima. Atrás dela, em toda a altura da parede e estendendo-se para a sala dos fundos, que dava para o pátio interior do edifício, havia estantes e mais estantes carregadas do tesouro da biblioteca. Comecei com Turgueniev e tomei os dois volumes de A Sportsman