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Mostrando postagens de 2011

Para isso fomos feitos

Poema de Natal Para isso fomos feitos: Para lembrar e ser lembrados Para chorar e fazer chorar Para enterrar os nossos mortos — Por isso temos braços longos para os adeuses Mãos para colher o que foi dado Dedos para cavar a terra. Assim será nossa vida: Uma tarde sempre a esquecer Uma estrela a se apagar na treva Um caminho entre dois túmulos — Por isso precisamos velar Falar baixo, pisar leve, ver A noite dormir em silêncio. Não há muito o que dizer: Uma canção sobre um berço Um verso, talvez de amor Uma prece por quem se vai — Mas que essa hora não esqueça E por ela os nossos corações Se deixem, graves e simples. Pois para isso fomos feitos: Para a esperança no milagre Para a participação da poesia Para ver a face da morte — De repente nunca mais esperaremos... Hoje a noite é jovem; da morte, apenas Nascemos, imensamente. Vinicius de Moraes

O Hobbit - Uma Jornada Inesperada: o primeiro trailer saíra quarta-feira.

A  Warner Brothers  confirmou na sua conta no Twitter   que o primeiro trailer de  O Hobbit - Uma Jornada Inesperada  será exibido antes de  As Aventuras de Tintim , que estreia no dia 21 de dezembro nos EUA. Além disso, o filme acaba de ganhar mais uma imagem. Veja Bilbo e os anões abaixo. Uma Jornada Inesperada , a primeira parte O Hobbit , chega aos cinemas exatamente daqui a um ano, em 14 de dezembro de 2011, e o  Bleeding Cool  publicou a sinopse oficial do filme. Veja abaixo: "A aventura segue a jornada de Bilbo Bolseiro, que é levado à épica missão de retomar a posse do reino dos anões, Erebor, do dragão Smaug. Abordado inesperadamente pelo mago Gandalf, o Cinzento, Bilbo se encontra no meio de treze anões liderados pelo guerreiro Thorin Escudo-de-Carvalho. A jornada os levará ao desconhecido, por terras repletas de Goblins e Orcs, lobos selvagens, aranhas gigantes, metamorfos e feiticeiros. Apesar de sua missão estar no leste, nas desoladas

O amanhã, o amanhã, o amanhã

Por William Shakeaspeare Orson Wells in   Macbeth (1948) (Cena V: Dunsinane. No interior do Castelo) Entram: Macbeth, Seyton e soldados, com tambores e bandeiras. MACBETH - Desfraldai nossas bandeiras nas muralhas exteriores. Continuam gritando: “estão próximos!”; mas a força de nosso castelo rirá com desprezo do assédio. Que fiquem aí, até que sejam devorados pela fome e pela febre! Se não estivessem reforçados por aqueles que deveriam ser nossos, teríamos podido ir ousadamente ao encontro deles, barba a barba, e tocá-los, derrotados, de volta para seus lares. (Gritos femininos no interior.). Que barulho é esse? SEYTON - São gritos de mulheres, meu bom senhor. (Sai) MACBETH - Já quase me esqueci do sabor do medo. Houve tempo em que um grito ouvido durante a noite teria gelado meus sentidos, em que todos os meus cabelos ficariam em pé com o relato de alguma desgraça, eriçados e trêmulos, como se estivessem animados de vida. Saciai-me de horror

Notícias

Entre mim e os mortos há o mar e os telegramas. Há anos que nenhum navio parte  nem chega. Mas sempre os telegramas frios, duros, e sem conforto. Na praia, e sem poder sair. Volto, os telegramas vêm comigo. Não se calam, a casa é pequena para um homem e tantas notícias. Vejo-te no escuro, cidade enigmática. Chamas com urgência, estou paralisado. De ti para mim, apelos, de mim para ti, silêncio. Mas no escuro nos visitamos. Escuto vocês todos, irmãos sombrios. No pão, no couro, na superfície macia das coisas sem raiva, sinto vozes amigas, recados furtivos, mensagens em código. Os telegramas vieram no vento. Quanto sertão, quanta renúncia atravessaram! Todo homem sozinho devia fazer uma canoa e remar para onde os telegramas estão chamando. Carlos Drummond de Andrade

E se eu fosse um pintor?

Sabe há uns meses atrás um amigo meu morreu e eu fiquei muito triste com a sua morte. Hoje eu sonhei com ele...  O dia seguiu em pura nostalgia. Fica, então, a música  Painter Song,  da Norah Jones. Diz muito sobre o que eu senti hoje, sobre o que eu, ainda, estou sentindo agora.... Ah! Respondendo. Se eu fosse um pintor eu pintaria sonhos... Vou dormir... And I'm dreaming of a place  where I could see your face and I think my brush would take me there...

Há 109 anos nascia Carlos Drummond de Andrade

Já publiquei aqui o meu poema favorito de Drummond:   A Luís Maurício, Infante . Postei, também, outros dos quais muito gosto. Como indica o título, há 109 anos nascia o grande poeta Carlos Drummond de Andrade. Hoje desejava fazer um post mais elaborado em homenagem ao notável Drummond, entretanto, como estou trabalhando em minha monografia só vai ser possível postar um poema retirado do livro  A Rosa do Povo. Por sinal, um livro muito querido por mim... Vou dedicar este post também post ao meu já falecido amigo Álvaro Carneiro Bastos com quem tantas vezes falei de Drummond e dos "veludos nos ursos". Equívoco Na noite sem lua perdi o chapéu.  O chapéu era branco e dele passarinhos  saiam para a glória, transportando-me ao céu.  A neblina gelou-me até os nervos e as tias.  Fiquei na praça oval aguardando a galera  com fiscais que me perdoassem e me abrissem os rios.  Um jardim sempre meu, de funcho e de coral,  ergueu-se pouco a pouco,

Por um céu estrelado…

Eis minhas mãos: não tenho porque esconde-las, ainda que, por teimosia, tragam verrugas nos dedos por apontar estrelas. Este é o nosso ofício: cavalgar verdades cadentes, eternos/caducos presentes que comem a si mesmos mastigando seus próprios dentes. Assim são estrelas: tempo que tece a própria teia que o atrela, cavalo que cavalga a própria sela. Distanciamento Objeto Estranhamento Espera como pintor ensandecido que reprova a própria tela. Este é o nosso ofício, este é o nosso vício. Cego enlouquecido, visão por trevas tomada insiste em apontar estrelas mesmo em noites nubladas. Ainda que seja por nada insisto em aponta-las mesmo sem vê-las com a certeza que mesmo nas trevas escondem-se estrelas. Enganam-se os que crêem que as estrelas nascem prontas. São antes explosão brilho e ardência imprecisas e virulentas herdeiras do caos furacão na alma calma na aparência. Enganadoras aparências… Extintas, brilham ainda: Mortas no universo r

Mensagem à Poesia

Não posso Não é possível Digam-lhe que é totalmente impossível Agora não pode ser É impossível Não posso. Digam-lhe que estou tristíssimo, mas não posso ir esta noite ao seu encontro. Contem-lhe que há milhões de corpos a enterrar Muitas cidades a reerguer, muita pobreza pelo mundo. Contem-lhe que há uma criança chorando em alguma parte do mundo E as mulheres estão ficando loucas, e há legiões delas carpindo A saudade de seus homens; contem-lhe que há um vácuo Nos olhos dos párias, e sua magreza é extrema; contem-lhe Que a vergonha, a desonra, o suicídio rondam os lares, e é preciso reconquistar a vida Façam-lhe ver que é preciso eu estar alerta, voltado para todos os caminhos Pronto a socorrer, a amar, a mentir, a morrer se for preciso. Ponderem-lhe, com cuidado – não a magoem... – que se não vou Não é porque não queira: ela sabe; é porque há um herói num cárcere Há um lavrador que foi agredido, há um poça de sangue numa praça. Contem-lhe, bem em segredo, que

Na semana que inicia...

Anunciação (Alceu Valença) Na bruma leve das paixões Que vêm de dentro Tu vens chegando Prá brincar no meu quintal No teu cavalo Peito nu, cabelo ao vento E o sol quarando Nossas roupas no varal...(2x) Tu vens, tu vens Eu já escuto os teus sinais Tu vens, tu vens Eu já escuto os teus sinais... A voz do anjo Sussurrou no meu ouvido Eu não duvido Já escuto os teus sinais Que tu virias Numa manhã de domingo Eu te anuncio Nos sinos das catedrais... Tu vens, tu vens Eu já escuto os teus sinais Tu vens, tu vens Eu já escuto os teus sinais... Ah! ah! ah! ah! ah! ah! Ah! ah! ah! ah! ah! ah!... Na bruma leve das paixões Que vem de dentro Tu vens chegando Prá brincar no meu quintal No teu cavalo Peito nu, cabelo ao vento E o sol quarando Nossas roupas no varal... Tu vens, tu vens Eu já escuto os teus sinais Tu vens, tu vens Eu já escuto os teus sinais... A voz do anjo Sussurrou no meu ouvido Eu não duvido Já escuto os teus sinais Que tu virias Numa manhã

Peixe Preso Dentro do Vento

Tu perguntas o que uma lagosta tece lá embaixo com seus pés dourados? Respondo que o oceano sabe. E por quem a medusa espera em sua veste transparente? Está esperando pelo tempo, como tu. 'Quem as algas apertam em seu abraço..., perguntas 'mais firme que uma hora e um mar certos?' Eu sei. Perguntas sobre a presa branca do narval e eu respondo contando como o unicórnio do mar, arpado, morre. Perguntas sobre as plumas do rei-pescador que vibram nas puras primaveras dos mares do sul. Quero te contar que o oceano sabe isto: que a vida, em seus estojos de jóias, é infinita como a areia incontável, pura; e o tempo, entre uvas cor de sangue tornou a pedra dura e lisa encheu a água-viva de luz, desfez o seu nó, soltou seus fios musicais de uma cornicópia feita de infinita madrepérola. Sou só a rede vazia diante dos olhos humanos na escuridão e de dedos habituados à longitude do tímido globo de uma laranja. Caminho como tu, investigando a estrela sem fim e em minha red

No peito dos desafinados também bate um coração...

Na semana que inicia...

Alegria, Alegria (Caetano Veloso) Caminhando contra o vento Sem lenço e sem documento No sol de quase dezembro Eu vou... O sol se reparte em crimes Espaçonaves, guerrilhas Em cardinales bonitas Eu vou... Em caras de presidentes Em grandes beijos de amor Em dentes, pernas, bandeiras Bomba e Brigitte Bardot... O sol nas bancas de revista Me enche de alegria e preguiça Quem lê tanta notícia Eu vou... Por entre fotos e nomes Os olhos cheios de cores O peito cheio de amores vãos Eu vou Por que não, por que não... Ela pensa em casamento E eu nunca mais fui à escola Sem lenço e sem documento, Eu vou... Eu tomo uma coca-cola Ela pensa em casamento E uma canção me consola Eu vou... Por entre fotos e nomes Sem livros e sem fuzil Sem fome, sem telefone No coração do Brasil... Ela nem sabe até pensei Em cantar na televisão O sol é tão bonito Eu vou... Sem lenço, sem documento Nada no bolso ou nas mãos Eu quero seguir vivendo, amor Eu vou... Por que não, por que nã

Joseph...

Hoje ouvi  Joseph , uma música de George s Moustaki . Eu era criança quando ouvi essa música pela primeira vez... Já faz um pouquinho de tempo... Gosto dessa música... Ela desperta recordações bonitas da minha infância, da poeira, do sol, das corridas no quintal da casa de minha família, dos livros que eu lia no sombreado das árvores, das alvoradas festivas, das músicas antigas que eu ouvia todos os dias e dos domingos em que eu despertava cedinho para ir assistir a missa na velha igreja de Sant' Ana...  Saudade... 

Quando ela Canta...

Hoje acordei com saudade de Nara Leão... Comecei o dia ouvindo Nara... Termino o dia ao som de Nara... Um voo alto... Bem alto...  Sua voz quando ela canta me lembra um pássaro mas não um pássaro cantando: lembra um pássaro voando (Ferreira Gullar) Nara é pássaro, sabia? E nem adianta prisão para a voz que, pelos ares, espalha sua canção. (Carlos Drummond de Andrade)

Na semana que termina...

Não consegui chá, nem biscoitos... No entanto, não reclamo... O mundo não é feito só de chá e biscoito... Inclusive, agradeço... Pela xícara de café, com pão e pizza... Pelas sete lindas e quentes tardes ensolaradas e seus sóis magníficos... Pelos amigos que reencontrei... Já o livro... Este veio e está perto de mim.... Durmo com os livros que leio... Ele é minha companhia nessa semana que finda... Obrigada... Pensando bem... Não faltou nada...

Luiza...

Luiza (Tom Jobim) Rua, Espada nua Boia no céu imensa e amarela Tão redonda a lua Como flutua Vem navegando o azul do firmamento E no silêncio lento Um trovador, cheio de estrelas Escuta agora a canção que eu fiz Pra te esquecer Luiza Eu sou apenas um pobre amador Apaixonado Um aprendiz do teu amor Acorda amor Que eu sei que embaixo desta neve mora um coração Vem cá, Luiza Me dá tua mão O teu desejo é sempre o meu desejo Vem, me exorciza Dá-me tua boca E a rosa louca Vem me dar um beijo E um raio de sol Nos teus cabelos Como um brilhante que partindo a luz Explode em sete cores Revelando então os sete mil amores Que eu guardei somente pra te dar Luiza Luiza Luiza    

Choro Bandido...

“...Saiba que os poetas como os cegos podem ver na escuridão...” Choro Bandido (Chico Buarque e Edu Lobo) Mesmo que os cantores sejam falsos como eu Serão bonitas, não importa São bonitas as canções Mesmo miseráveis os poetas Os seus versos serão bons Mesmo porque as notas eram surdas Quando um deus sonso e ladrão Fez das tripas a primeira lira Que animou todos os sons E daí nasceram as baladas E os arroubos de bandidos como eu Cantando assim: Você nasceu para mim Você nasceu para mim Mesmo que você feche os ouvidos E as janelas do vestido Minha musa vai cair em tentação Mesmo porque estou falando grego Com sua imaginação Mesmo que você fuja de mim Por labirintos e alçapões Saiba que os poetas como os cegos Podem ver na escuridão E eis que, menos sábios do que antes Os seus lábios ofegantes Hão de se entregar assim: Me leve até o fim Me leve até o fim Mesmo que os romances sejam falsos como o nosso São bonitas, não importa São bonita