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Mostrando postagens de agosto, 2011

Mensagem à Poesia

Não posso Não é possível Digam-lhe que é totalmente impossível Agora não pode ser É impossível Não posso. Digam-lhe que estou tristíssimo, mas não posso ir esta noite ao seu encontro. Contem-lhe que há milhões de corpos a enterrar Muitas cidades a reerguer, muita pobreza pelo mundo. Contem-lhe que há uma criança chorando em alguma parte do mundo E as mulheres estão ficando loucas, e há legiões delas carpindo A saudade de seus homens; contem-lhe que há um vácuo Nos olhos dos párias, e sua magreza é extrema; contem-lhe Que a vergonha, a desonra, o suicídio rondam os lares, e é preciso reconquistar a vida Façam-lhe ver que é preciso eu estar alerta, voltado para todos os caminhos Pronto a socorrer, a amar, a mentir, a morrer se for preciso. Ponderem-lhe, com cuidado – não a magoem... – que se não vou Não é porque não queira: ela sabe; é porque há um herói num cárcere Há um lavrador que foi agredido, há um poça de sangue numa praça. Contem-lhe, bem em segredo, que

Na semana que inicia...

Anunciação (Alceu Valença) Na bruma leve das paixões Que vêm de dentro Tu vens chegando Prá brincar no meu quintal No teu cavalo Peito nu, cabelo ao vento E o sol quarando Nossas roupas no varal...(2x) Tu vens, tu vens Eu já escuto os teus sinais Tu vens, tu vens Eu já escuto os teus sinais... A voz do anjo Sussurrou no meu ouvido Eu não duvido Já escuto os teus sinais Que tu virias Numa manhã de domingo Eu te anuncio Nos sinos das catedrais... Tu vens, tu vens Eu já escuto os teus sinais Tu vens, tu vens Eu já escuto os teus sinais... Ah! ah! ah! ah! ah! ah! Ah! ah! ah! ah! ah! ah!... Na bruma leve das paixões Que vem de dentro Tu vens chegando Prá brincar no meu quintal No teu cavalo Peito nu, cabelo ao vento E o sol quarando Nossas roupas no varal... Tu vens, tu vens Eu já escuto os teus sinais Tu vens, tu vens Eu já escuto os teus sinais... A voz do anjo Sussurrou no meu ouvido Eu não duvido Já escuto os teus sinais Que tu virias Numa manhã

Peixe Preso Dentro do Vento

Tu perguntas o que uma lagosta tece lá embaixo com seus pés dourados? Respondo que o oceano sabe. E por quem a medusa espera em sua veste transparente? Está esperando pelo tempo, como tu. 'Quem as algas apertam em seu abraço..., perguntas 'mais firme que uma hora e um mar certos?' Eu sei. Perguntas sobre a presa branca do narval e eu respondo contando como o unicórnio do mar, arpado, morre. Perguntas sobre as plumas do rei-pescador que vibram nas puras primaveras dos mares do sul. Quero te contar que o oceano sabe isto: que a vida, em seus estojos de jóias, é infinita como a areia incontável, pura; e o tempo, entre uvas cor de sangue tornou a pedra dura e lisa encheu a água-viva de luz, desfez o seu nó, soltou seus fios musicais de uma cornicópia feita de infinita madrepérola. Sou só a rede vazia diante dos olhos humanos na escuridão e de dedos habituados à longitude do tímido globo de uma laranja. Caminho como tu, investigando a estrela sem fim e em minha red

No peito dos desafinados também bate um coração...

Na semana que inicia...

Alegria, Alegria (Caetano Veloso) Caminhando contra o vento Sem lenço e sem documento No sol de quase dezembro Eu vou... O sol se reparte em crimes Espaçonaves, guerrilhas Em cardinales bonitas Eu vou... Em caras de presidentes Em grandes beijos de amor Em dentes, pernas, bandeiras Bomba e Brigitte Bardot... O sol nas bancas de revista Me enche de alegria e preguiça Quem lê tanta notícia Eu vou... Por entre fotos e nomes Os olhos cheios de cores O peito cheio de amores vãos Eu vou Por que não, por que não... Ela pensa em casamento E eu nunca mais fui à escola Sem lenço e sem documento, Eu vou... Eu tomo uma coca-cola Ela pensa em casamento E uma canção me consola Eu vou... Por entre fotos e nomes Sem livros e sem fuzil Sem fome, sem telefone No coração do Brasil... Ela nem sabe até pensei Em cantar na televisão O sol é tão bonito Eu vou... Sem lenço, sem documento Nada no bolso ou nas mãos Eu quero seguir vivendo, amor Eu vou... Por que não, por que nã

Joseph...

Hoje ouvi  Joseph , uma música de George s Moustaki . Eu era criança quando ouvi essa música pela primeira vez... Já faz um pouquinho de tempo... Gosto dessa música... Ela desperta recordações bonitas da minha infância, da poeira, do sol, das corridas no quintal da casa de minha família, dos livros que eu lia no sombreado das árvores, das alvoradas festivas, das músicas antigas que eu ouvia todos os dias e dos domingos em que eu despertava cedinho para ir assistir a missa na velha igreja de Sant' Ana...  Saudade... 

Quando ela Canta...

Hoje acordei com saudade de Nara Leão... Comecei o dia ouvindo Nara... Termino o dia ao som de Nara... Um voo alto... Bem alto...  Sua voz quando ela canta me lembra um pássaro mas não um pássaro cantando: lembra um pássaro voando (Ferreira Gullar) Nara é pássaro, sabia? E nem adianta prisão para a voz que, pelos ares, espalha sua canção. (Carlos Drummond de Andrade)

Na semana que termina...

Não consegui chá, nem biscoitos... No entanto, não reclamo... O mundo não é feito só de chá e biscoito... Inclusive, agradeço... Pela xícara de café, com pão e pizza... Pelas sete lindas e quentes tardes ensolaradas e seus sóis magníficos... Pelos amigos que reencontrei... Já o livro... Este veio e está perto de mim.... Durmo com os livros que leio... Ele é minha companhia nessa semana que finda... Obrigada... Pensando bem... Não faltou nada...

Luiza...

Luiza (Tom Jobim) Rua, Espada nua Boia no céu imensa e amarela Tão redonda a lua Como flutua Vem navegando o azul do firmamento E no silêncio lento Um trovador, cheio de estrelas Escuta agora a canção que eu fiz Pra te esquecer Luiza Eu sou apenas um pobre amador Apaixonado Um aprendiz do teu amor Acorda amor Que eu sei que embaixo desta neve mora um coração Vem cá, Luiza Me dá tua mão O teu desejo é sempre o meu desejo Vem, me exorciza Dá-me tua boca E a rosa louca Vem me dar um beijo E um raio de sol Nos teus cabelos Como um brilhante que partindo a luz Explode em sete cores Revelando então os sete mil amores Que eu guardei somente pra te dar Luiza Luiza Luiza    

Choro Bandido...

“...Saiba que os poetas como os cegos podem ver na escuridão...” Choro Bandido (Chico Buarque e Edu Lobo) Mesmo que os cantores sejam falsos como eu Serão bonitas, não importa São bonitas as canções Mesmo miseráveis os poetas Os seus versos serão bons Mesmo porque as notas eram surdas Quando um deus sonso e ladrão Fez das tripas a primeira lira Que animou todos os sons E daí nasceram as baladas E os arroubos de bandidos como eu Cantando assim: Você nasceu para mim Você nasceu para mim Mesmo que você feche os ouvidos E as janelas do vestido Minha musa vai cair em tentação Mesmo porque estou falando grego Com sua imaginação Mesmo que você fuja de mim Por labirintos e alçapões Saiba que os poetas como os cegos Podem ver na escuridão E eis que, menos sábios do que antes Os seus lábios ofegantes Hão de se entregar assim: Me leve até o fim Me leve até o fim Mesmo que os romances sejam falsos como o nosso São bonitas, não importa São bonita

Beirut: Uma Boa Pedida

Tudo começou com um mero comercial de TV, em 2008, uma chamada para uma minissérie sobre Dom Casmurro, obra-prima e mais comentada de Machado de Assis, intitulada  Capitu . Como plano de fundo para as imagens quase teatrais da produção, uma melodia suave tocada no ukelele chamou minha atenção de imediato, seguida por uma voz masculina. Durou nada mais que um minuto, mas ficou cravada na minha memória por horas. Uma rápida busca em um site de letras de músicas com os versos que eu conseguia me lembrar e a identidade da canção foi desvendada: “Elephant Gun”, da banda Beirut. O som do Beirut tem como principais destaques a presença de instrumentos de sopro e percussão, assim como o ukelele, que se revela em quase todas as músicas. O vocalista da banda, Zach Condon, tocava trumpete numa banda de  jazz  quando adolescente, e cita o ritmo como uma das suas maiores inspirações. Música, aliás, sempre foi uma constante na vida de Condon, que compõe desde os 15 anos. Idealizada primeiramente c

O Amor Segundo Wong Kar-Wai

por Felipe Severo A sensibilidade de um tango improvisado por dois homens em uma cozinha suja. A delicadeza da cabeça de uma mulher que suavemente desliza para o ombro de seu inconfesso amado, no banco traseiro de um táxi. A solidão de um homem que passa as noites conversando com objetos inanimados. Pessoas tristes, que buscam a felicidade de maneira diferente, e geralmente errada. São esses os personagens preferidos de Wong Kar-Wai. O diretor chinês de pouco mais de 50 anos de idade buscou referências na cultura ocidental, principalmente para a trilha sonora de seus filmes, digeriu-as com paciência oriental e criou obras-primas que vão da rapidez e superficialidade de uma Hong Kong noturna à imponência e aparente imutabilidade de uma Catarata do Iguaçu. Seus três filmes mais aclamados são “Amores Expressos” (1994), “Felizes Juntos” (1997) e “Amor à flor da pele” (2000). Todos falam sobre amor, mas não os amores fáceis, em que os apaixonados são separados brevemente por malda

Mostra traz filmes silenciosos acompanhados de música ao vivo em São Paulo

Daniel Mello Repórter da Agência Brasil Os Últimos Dias de Pompéia São Paulo - Imagens em movimento que contam histórias sem voz ou som ambiente. Essa é a essência da quinta edição da Jornada Brasileira do Cinema Silencioso, este ano com 57 obras do início do século 20. “É um cinema muito bom. Em vez de uma deficiência, eles aproveitavam o fato de não ser falado para narrar a partir de outros elementos, da montagem, dos atores, da movimentação. Era uma outra linguagem”, explica o curador musical do evento, Livio Tragtenberg. Ele foi o responsável por selecionar os músicos que acompanham com performances ao vivo a exibição das películas. As apresentações são praticamente uma atração a parte e têm a finalidade de aproximar os filmes da atualidade. “Trabalho muito pouco com a ideia passadista de ilustrar o filme, uma coisa decorativa na música. A gente tenta atualizar, no sentido de fazer músicas que tragam interesse para o expectador de hoje nesses filmes.” São obras que retrata