“Ah, quem escreverá a
história do que poderia ter sido?
Será essa, se alguém
a escrever,
A verdadeira história da humanidade.
A verdadeira história da humanidade.
O que há é só o mundo
verdadeiro, não é nós, só o mundo;
O que não há somos nós, e a verdade está aí.
O que não há somos nós, e a verdade está aí.
Sou quem falhei ser.
Somos todos quem nos supusemos.
A nossa realidade é o que não conseguimos nunca.
Somos todos quem nos supusemos.
A nossa realidade é o que não conseguimos nunca.
Que é daquela nossa
verdade — o sonho à janela da infância?
Que é daquela nossa certeza — o propósito a mesa de depois?
Que é daquela nossa certeza — o propósito a mesa de depois?
Medito, a cabeça
curvada contra as mãos sobrepostas
Sobre o parapeito alto da janela de sacada,
Sentado de lado numa cadeira, depois de jantar.
Sobre o parapeito alto da janela de sacada,
Sentado de lado numa cadeira, depois de jantar.
Que é da minha
realidade, que só tenho a vida?
Que é de mim, que sou só quem existo?
Que é de mim, que sou só quem existo?
Quantos Césares fui!
Na alma, e com alguma
verdade;
Na imaginação, e com alguma justiça;
Na inteligência, e com alguma razão —
Meu Deus! meu Deus! meu Deus!
Quantos Césares fui!
Quantos Césares fui!
Quantos Césares fui!”
Na imaginação, e com alguma justiça;
Na inteligência, e com alguma razão —
Meu Deus! meu Deus! meu Deus!
Quantos Césares fui!
Quantos Césares fui!
Quantos Césares fui!”
Fernando Pessoa
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