Pular para o conteúdo principal

Álvaro...



Lembro hoje com saudade do março passado no qual conheci você... do primeiro recado... do primeiro poema... Sempre tive a impressão que eu te conhecia da vida inteira. Algo encantado. Talvez fossem os muitos gostos e preferências que tínhamos em comum...

Hoje li todos os poemas que você me enviou, tenho todos eles guardados. Lembrei-me de todas as risadas, das frases, dos versos. Recordei de Luis Mauricio, Infante e da noite em que debulhamos os versos desse nosso poema favorito... Lembrei que como eu, você gostava de Proust, Van Gogh, James Joyce e do biscoito Bono...

As boas lembranças, realmente, são esconderijos confortáveis e sei exatamente onde poderei te encontrar quando a saudade apertar... E olha saudade machuca... Tua alma, entretanto, habita tantas coisas que não irei precisar procurar muito... Até os sinos suscitam tua lembrança...

Jamais pensei que você um dia seria uma das minhas “notas tristes”... Afinal, você sempre foi tão alegria alegria, tantas vezes me fez sorrir e acreditar em mim mesma e na “inacreditável força que vem de dentro”. A vida nos apronta cada coisa... Tão efêmera e, no entanto, tão bonita...

A caixa de entrada agora amanhece vazia e eu me pergunto: quem vai me enviar poemas, amigo? Você era o único que fazia isso... O único que entendeu essa minha necessidade imensa de livros e poesia e sabia que um punhado de versos fazia o meu dia mais feliz... Quem vai...

Sabe... hoje eu chorei o dia inteiro, estou me sentindo um lixo, o coração pequeninho... Tudo errado, eu sei, mas dói tanto... Não tenho coragem de abrir os livros e me poupei de ouvir músicas... Todos eles estão tão sem graça... Já não são mais tão doces...

Eu acho que não preciso dizer que vou me lembrar de você para sempre... até o fim... 
Algumas pessoas se prolongam em nossas vidas infinitamente... Você é uma delas!
E como diria Caio Fernando Abreu "Toda a minha saudade e o meu amor de sempre."
Meu eterno e doce amigo... Saudades... Jamais estaremos distantes... Jamais...


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Mostra traz filmes silenciosos acompanhados de música ao vivo em São Paulo

Daniel Mello Repórter da Agência Brasil Os Últimos Dias de Pompéia São Paulo - Imagens em movimento que contam histórias sem voz ou som ambiente. Essa é a essência da quinta edição da Jornada Brasileira do Cinema Silencioso, este ano com 57 obras do início do século 20. “É um cinema muito bom. Em vez de uma deficiência, eles aproveitavam o fato de não ser falado para narrar a partir de outros elementos, da montagem, dos atores, da movimentação. Era uma outra linguagem”, explica o curador musical do evento, Livio Tragtenberg. Ele foi o responsável por selecionar os músicos que acompanham com performances ao vivo a exibição das películas. As apresentações são praticamente uma atração a parte e têm a finalidade de aproximar os filmes da atualidade. “Trabalho muito pouco com a ideia passadista de ilustrar o filme, uma coisa decorativa na música. A gente tenta atualizar, no sentido de fazer músicas que tragam interesse para o expectador de hoje nesses filmes.” São obras que retrata...

Transversal do Tempo

                                                      Transversal do Tempo (João Bosco/Aldir Blanc) As coisas que eu sei de mim São pivetes da cidade Pedem, insistem e eu Me sinto pouco à vontade Fechada dentro de um táxi Numa transversal do tempo Acho que o amor É a ausência de engarrafamento As coisas que eu sei de mim Tentam vencer a distância E é como se aguardassem feridas Numa ambulância As pobres coisas que eu sei Podem morrer, mas espero Como se houvesse um sinal Sem sair do amarelo

As Leis

Egito e Paraguai não têm muita coisa em comum, a não ser a fragilidade de suas democracias. Eis países que gostariam de se ver caminhando em direção à consolidação democrática, mas que descobrem como tal caminho pode ser atrapalhado, vejam só, pelas leis. Certamente, uma afirmação dessa natureza será rapidamente contraposta pelos ditos defensores do Estado democrático de Direito. Na verdade, tais defensores querem nos fazer acreditar que as leis que temos devem sempre ser respeitadas, sob o risco de entrarmos em situações de puro arbítrio nas quais o mais forte impõe sua vontade. Eles esquecem como, muitas vezes, criamos leis que visam permitir que grupos interfiram e fragilizem os processos democráticos. Ou seja, leis que são, na verdade, a mera expressão da vontade dos grupos sociais mais fortes. Isso explica porque a democracia, muitas vezes, avança por meio da quebra das leis. Ela reconhece que ações hoje vistas como criminosas possam ser, na verdade, portadoras de e...