Pular para o conteúdo principal

Céu Estrelado...


LEMBRANÇAS
                                         
De minhas janelas internas colho em silêncio
Fagulhas celestes de um tempo que já se foi
E eu, prisioneiro de mim, retirante de tudo
Observo... Mudo... Estrelas e Contornos...       
     
Lá fora o céu azul deságua seriamente
Envolto em formas e tons suaves de brisa
Sentindo, sereno, minha alma e o vento...

Já é passado... Sim... Muito já passou
Não resta mais nada das súplicas amargas,     
Das poesias feitas em horas vagas,
Da nebulosa inchada que por alguns instantes... Me olhou...


E eu, ciente de tudo, sozinho em muito
Contemplo já com outros olhos... A torrente
De invisíveis águas que por mim passou...

II

Neste ponto fundo onde meus horizontes se desenham
Brinco de sol, entre infinitas pedras de terras distantes
E então... Vem a noite com as suas dores e cores
E eu nesta varanda fico... Abraço com olhos... Fito com sonhos
As pontas brilhantes que loucamente se desprendem do céu enluarado

III

O quanto cresci já não importa... Cresci... E isso é tudo
Minha poeira esquisita, meu tempo atrasado... Perderam-se
E fiquei eu... Sozinho... Com os pés descalço nessa estrada...

Eu que tantas vezes fui indiferente com as coisas que amava
Que fingir tantas vezes que não ligava... Perdido em mim mesmo...
Com os olhos fixos no vão seguro de minhas palavras...

Cada vez que um dia morre no horizonte
É menos um dia meu e mais um dia para o mundo
É menos um tempo meu e mais um ponto para o tudo

IV


Dentro de mim se contorcem tortuosas ondas
Tento por hora esquecer o que ainda não vi
E eu ébrio estrangeiro perfumado de sol... Caminho

Sentido o pesar desses meus passos noturnos de solidão
Andando entre as cores perfumadas e os tatos açucarados    
Que se desprendem das estrelas que inutilmente desenhei
Em meu céu escuro... Despedaçado e vazio....

V

Nesta noite que aos poucos acaba
Sou apenas eu, as estrelas e a estrada
Sou apenas eu e está insônia que me apaga
Sou apenas e eu e um pouco do nada

Sim quero viver agora.... Pois o tempo não atrasa
Com pressa ou calma... Quero viver a hora...

O dia nasce e, mais uma vez, o sol raia
Para um eu silente, banhado em alvorada...


Kerlley Diane Santos 


    

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Mostra traz filmes silenciosos acompanhados de música ao vivo em São Paulo

Daniel Mello Repórter da Agência Brasil Os Últimos Dias de Pompéia São Paulo - Imagens em movimento que contam histórias sem voz ou som ambiente. Essa é a essência da quinta edição da Jornada Brasileira do Cinema Silencioso, este ano com 57 obras do início do século 20. “É um cinema muito bom. Em vez de uma deficiência, eles aproveitavam o fato de não ser falado para narrar a partir de outros elementos, da montagem, dos atores, da movimentação. Era uma outra linguagem”, explica o curador musical do evento, Livio Tragtenberg. Ele foi o responsável por selecionar os músicos que acompanham com performances ao vivo a exibição das películas. As apresentações são praticamente uma atração a parte e têm a finalidade de aproximar os filmes da atualidade. “Trabalho muito pouco com a ideia passadista de ilustrar o filme, uma coisa decorativa na música. A gente tenta atualizar, no sentido de fazer músicas que tragam interesse para o expectador de hoje nesses filmes.” São obras que retrata...

Transversal do Tempo

                                                      Transversal do Tempo (João Bosco/Aldir Blanc) As coisas que eu sei de mim São pivetes da cidade Pedem, insistem e eu Me sinto pouco à vontade Fechada dentro de um táxi Numa transversal do tempo Acho que o amor É a ausência de engarrafamento As coisas que eu sei de mim Tentam vencer a distância E é como se aguardassem feridas Numa ambulância As pobres coisas que eu sei Podem morrer, mas espero Como se houvesse um sinal Sem sair do amarelo

Matamos Amarildo

por Matheus Pichonelli Quando o Capitão Nascimento, com o coturno na garganta do traficante “Baiano”, entregou a escopeta nas mãos do Soldado Mathias e determinou a execução do bandido com um balaço no rosto, as salas de cinema do Brasil vibraram como torcida em final de campeonato. Como em uma arquibancada, houve quem se levantasse e aplaudisse a cena de pé, algo inusitado para uma sessão de cinema. O Brasil que pedia direitos humanos para humanos direitos estava vingado. José Padilha precisou praticamente desenhar, em Tropa de Elite 2 , que aquela escopeta estava voltada, na verdade, para o rosto da plateia. Mas a plateia, em sua sanha punitiva, parecia incapaz de refletir e entender que a tortura, os sacos plásticos e a justiça por determinação própria eram a condenação, e não a redenção, de um país de tragédias cotidianas. Nos dois filmes, todos estavam de alguma forma envolvidos na criminalidade – corruptos e corruptores, produtores e consumidores, eleitos e eleitores – ma...